27 de novembro de 2011

Tantos

Eu tenho tantos sonhos
Eu tenho tantos segredos
Eu tenho tanta coisa para falar
Eu tenho tanta coisa guardada dentro de mim
Queria colocar para fora
Mais fica complicado
será que todos vão compreender os meus sentimentos?
Eu sei que um milagre vai acontecer
sei que nunca estou só.
Já falaram que falo da minha vida na maior facilidade
Será mesmo???
Falo das minhas entranhas,
pois se eu não falar, eu guardarei todas elas
Por isso eu tenho tantos sonhos
Ainda tenho segredos
Quem não tem segredo que atire a primeira pedra?
A minha essência é compartilhada com Deus!
A minha essência se transforma, se modifica ao longo do tempo....

Teus Olhos - Marcos Witt

19 de novembro de 2011

Palavras soltas no ar


Autor: Jonathan Aguiar

Na consciência humana
No interior do coração do homem
Palavras formam o pensamento
Sabendo que todo o sentimento
Gera um conhecimento
Será que são palavras soltas no ar
Ou palavras que um dia eu possa enxergar
Transformando em realidade
A intelectualidade
Palavras que o vento leva
São palavras
Mas saiba que essas palavras
Afetam os nossos sentimentos
Transformando e aprendendo
Sentindo e fazendo
Construindo e formando
Um pensamento

Publicado no Livro Antologia Literária: Poemas e Poetas Nova Geração pela Editora Litteris.

16 de novembro de 2011

Manchas de café


Eis as manchas de café que estão sobre a minha camisa, na minha calça e o meu casaco, que deixei derramar. Derramei pela manhã no trabalho, ficarei com a roupa manchada até a noite, não tem onde trocar, e outras peças ficam em casa, onde é meu lugar. Desatento sou, desastrado várias vezes. Estas são as manchas de café que caiu sobre o livro que ganhei de presente. Se essas manchas falassem, iria dizer o que estava pensando quando olhei para um lado, sem perceber virei o copo e caiu sobre minha roupa, e o livro onde estava eu saboreando aquela leitura. Parei, limpei, o café que derramei, mas as machas ficaram em minhas peças. Refleti, assim é a vida, o que estou fazendo com ela, será que estou manchando-a, com coisas que não conseguirei mais limpar, quais as marcas que vou deixar, não serão manchas de café, que poderão ser lavadas, são manchas que ficaram marcadas por toda eternidade. Machas de café podem ser apagadas. E manchas da vida?

15 de novembro de 2011

A MOÇA TECELÃ

Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.
Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor de luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.
Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.
Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos de algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.
Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.
Assim, jogando a lançadeira de um lado para o outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.
Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranqüila.
Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.
Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou como seria bom ter um marido ao seu lado.
Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponta dos sapatos, quando bateram à porta.
Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando na sua vida.
Aquela noite, deitada contra o ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.
E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque, descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.
- Uma casa melhor é necessária, -- disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer.
Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente. – Para que ter casa, se podemos ter palácio? – perguntou. Sem querer resposta, imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata.
Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.
Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.
- É para que ninguém saiba do tapete, -- disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: -- Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!
Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.
E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou como seria bom estar sozinha de novo.
Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.
Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e, jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer o seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela.
A noite acabava quando o marido, estranhando a cama dura, acordou e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.
Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte.

[de Marina Colassanti.
Ilustração: bordado das irmãs Dumont
]

Filme: O Curioso Caso de Benjamin Button

Mark Twain certo dia expressou sua insatisfação ao perceber que o melhor da vida vem no início, quando ainda não estamos preparados, e o pior em seu fim. A partir desta constatação, o escritor F. Scott Fitzgerald escreveu a história em que foi baseado o filme O Curioso Caso de Benjamin Button. De um conto, o cineasta David Fincher fez nascer o longa de quase três horas de duração, que atravessa o século XX e entra no XXI tendo como pano de fundo a Primeira Guerra e a tragédia do Katrina.

A base da história é a do homem, vivido por Brad Pitt, que nasce com todos os problemas de um velho de 80 anos, e vai ficando cada dia mais jovem. À medida em que se torna mais experiente, seu corpo também adquire mais agilidade e vigor, permitindo que ele possa aproveitar melhor aquilo que aprendeu. No entanto, há muitas dificuldades no percurso. Primeiro pelas barreiras impostas pela sociedade a um idoso que tenta fazer novas descobertas. Além disso, há a questão de ele perceber que todos ao seu redor vão envelhecendo.

O grande ponto que o filme propõe é justamente este de que não há limite para nada. Não é porque Button tem a aparência e o vigor de um velho que ele se priva de suas vontades. O humor e as muitas ironias do filme tentam mostrar de uma forma quase didática que só não é possível aquilo que não se tenta, e que apenas estar vivo já é motivo de comemoração. Detalhes na narrativa deixam ainda mais fabulosa a história ilustrando quão mágica pode ser a experiência de se viver.

O caso mais exemplar, e mais cômico, do filme é o do homem que durante toda a sua vida foi atingido por sete raios, sobrevivendo a todos. Talvez esse fosse o destino dele, ser atingido por estes raios, ou sua sina. De qualquer forma, o personagem continuou sua vida, e continuou sempre avisando Benjamin Button e ao próprio espectador de que somos sempre atingidos por estes raios que nos derrubam, mas que depois de superados são apenas motivos de risadas.

Não por acaso, O Curioso Caso de Benjamin Button tem como base da narrativa a Primeira Guerra Mundial e o desastre causado pelo furacão Katrina, em 2005. Primeiro que o roteiro é escrito por Eric Roth, o mesmo que fez Forest Gump. Em ambos os filmes, a história fictícia é marcada pela real, e pelos acontecimentos históricos ou culturais, chegando neste caso até mesmo a reproduzir cenas de clássicos como A Um Passo da Eternidade, ou O Selvagem da Motocicleta.

Mas, antes de tudo, o fato de tragédias com milhares de mortos estar presente de forma tão marcante tem uma função muito além de apenas retratar um fato real ou mesmo prestar uma homenagem à cidade de Nova Orleans, destruída na ocasião do Katrina. Apenas episódios com a dimensão que teve estes dois fatos divididos por cerca de oito décadas é que poderiam explicitar o que é verdadeiramente a história de Benjamin Button. Mais do que uma simples fábula, o conto ou o filme é uma celebração à vida.


Fonte: http://verdadealternativa.wordpress.com/2009/01/15/o-curioso-caso-de-benjamin-button/

Alfabetização, Avaliação e Heterogeneidade: diferentes modos de aprender (e ensinar).

Apec RJ - Keila Araujo e Jonathan Aguiar

4 de novembro de 2011