28 de março de 2013 - 23:48h
Há muitos dias, venho me questionando se
estou na profissão certa, procurei respostas nos livros, mas não encontrei,
percebi que eles filosofam por demais, os autores acabam se perdendo nas
palavras escritas, nas suas próprias teses. Nos testes vocacionais disponíveis
na internet, confundiu mais ainda o que devo seguir, são tantas opções como:
administração, psicologia, história. Nessas pesquisas, cheguei à conclusão que
estou fazendo o que é certo, trabalhando verdadeiramente no que gosto de
paixão, não descobri nos testes vocacionais, nas opiniões de amigos próximos,
no ambiente familiar, nem muito menos nos livros escritos ou lidos, mas foi
através de uma criança que atendo desde novembro de 2012.
Uma menina que tem sete anos, branca,
dos cabelos loiros, dos olhos claros, que chama atenção por onde passa. Menina
bonita do laço de fita, que usa vestido colorido. Jamais esquecerei o seu
semblante, não quero dar todas as suas características, até porque esse não é o
meu intuito. O que quero, é descrever o porquê estou na profissão certa.
Menina que apresentara muitas
dificuldades, sua percepção auditiva, motora e visual não estava bem
desenvolvida, porque não recebera tantos estímulos. A repetência fez parte da
sua história, onde hoje cursa novamente o primeiro ano do ensino fundamental
porque não conseguiu avançar com a turma, a dominar a leitura e a escrita,
possuindo assim tais dificuldades. Sua mãe preocupada, nervosa começou a
procurar meios para que a repetência não viesse fazer parte da vida de sua
filha, atendimentos com psicólogos, psicopedagogos, neurologistas, fonoaudiólogos,
mas nada adiantou. Até que sua madrinha entra em contato com a Editora, que
esta me contrata para trabalhar como professor particular, articulando com o
método Iracema Meirelles; A casinha feliz. Assim começa a minha história com
esta menina, uma grande desafio, ensiná-la a ler e a escrever, reconhecer os
obstáculos, enfrentar as situações corriqueiras, como a própria escola onde a
aluna está matriculada, que não ofereceu suporte algum, orientar uma mãe em
pânico, com os processos avaliativos, no qual a sua filha havia participado e
sido reprovada. Posso dizer, as pernas tremeram, o coração acelerou, mas como
gosto de desafios, arregacei as mangas e comecei a lapidar esta jóia que é tão
rara, onde ninguém teve um olhar atento as suas necessidades. Dei inicio a este
trabalho em novembro, muitas coisas aconteceram, ela já sabe escrever o seu
nome, consegue ler palavras simples, formar frases com palavras simples e
interpretar pequenos textos, sei que falta muito, mas o pouco que sabe graças
ao meu esforço, não, esforço dela, esta é uma conquista dela, e não minha.
Recebi hoje, um telefonema, era a mãe da menina, em prantos, agradecendo por
ter ajudado a sua filha, pois ela tinha feito há algumas semanas uma avaliação
na escola de língua portuguesa, onde tirara nove e meio. Até eu, deixei as
lágrimas descerem na minha face, e percebi que verdadeiramente estou na
profissão certa.
Estou certo, que nasci para ajudar aqueles que
ninguém acreditam, que não tem mais esperança, ler e escrever não é uma tarefa
fácil, quem foi que disse que seria? Pra quem consegue ler estas minhas
palavras, que formam este pequeno texto é fácil, porque você já sabe ler e
escrever. Nasci para mostrar as pessoas o verdadeiro caminho, possuo a melhor
profissão do mundo, sou professor com muito orgulho e prazer, no teste
vocacional disse que eu poderia seguir a área de administração, mas sou um
grande administrador, eu controlo as tarefas dos meus alunos, os ajudo a
conhecerem o mundo, a organizarem as letras em palavras e descobrirem um novo
saber; no teste também apresentou psicologia, mas sou um grande psicólogo,
ajudo meus alunos a entender suas emoções, e são através delas que aproveito
para motivá-los, a ensinar arte de pensar, de reinventar, a ressignificar e
jamais morrer a vontade de sonhar, o sabor do que é aprender; sou também
historiador, conto minhas histórias, encanto meus alunos com os meus acertos e
erros, não sou só um professor que ensina, sou um professor que aprende com
eles, é uma troca, sou eternamente aprendiz. Vejo e percebo que estou na
profissão certa. Assim como hei de marcar a vida desta menina tão linda, que a
cada dia aprendo muito com ela, ela já marcou a minha, e um dia saberá que não
abandonei a minha profissão, por ter descoberto através dela que estou fazendo
o que é certo....
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